- Margens inertes abrem os seus braços Um grande barco no silêncio parte. Altas gaivotas nos ângulos a pique, Recém-nascidas à luz, perfeita a morte. Um barco, parte abandonando As colunas de um cais ausente e branco. E o seu rosto busca-se emergindo Do corpo sem cabeça da cidade. Um barco desligado parte Esculpindo de frente o vento norte. Perfeito azul do mar, perfeita a morte Formas claras e nítidas de espanto.
1 comentário:
- Margens inertes
abrem os seus braços
Um grande barco no silêncio parte.
Altas gaivotas nos ângulos a pique,
Recém-nascidas à luz, perfeita a morte.
Um barco,
parte abandonando
As colunas de um cais ausente e branco.
E o seu rosto busca-se emergindo
Do corpo sem cabeça da cidade.
Um barco
desligado parte
Esculpindo de frente o vento norte.
Perfeito azul do mar, perfeita a morte
Formas claras e nítidas de espanto.
Sophia de Mello Breyner Andresen
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